@Vera Alemão de Oliveira
Acontece que a culpa pode estar associada a um sentimento, na medida em que resulta da avaliação negativa de um ato ou comportamento tido como reprovável e, portanto, mais subjetivo. Este sentimento de culpa varia na sua avaliação consoante os indivíduos e os seus valores ético-morais, e tem, normalmente, na sua génese uma falha ou um erro. Refiro normalmente, porque pode surgir um sentimento de culpa associado, por exemplo, a um acontecimento traumático, relativamente ao qual a pessoa considera que poderia ter feito algo para o evitar.
Em qualquer caso, o sentimento de culpa é um ressentimento que, em vez de ser dirigido a outro(s) indivíduo(s), é dirigida ao próprio. É o indivíduo a ser dominado pela emoção. Como lidar com o sentimento de culpa?
- O primeiro passo é perceber o que sente e como vive com o sentimento de culpa. “O que é que isso me traz?” e “O que é que isso me faz?” E treinar o pensamento para substituir esse sentimento por outro, mais benéfico, como “O que é que eu posso aprender com isso?” ou “O que posso fazer diferente no futuro?”
- É importante reconhecer e aceitar que o erro faz parte da vida. O erro proporciona crescimento, evolução, aprendizagem. Aceitar o que aconteceu não significa concordar com isso, aceitar implica reconhecer que não se pode voltar atrás no tempo para fazer de forma diferente.
- O sentimento de culpa prende num momento passado. Quando se fica preso ao passado não se vive em liberdade o presente. Ao invés de assumir a culpa, é preferível assumir a responsabilidade. Pode parecer a mesma coisa, mas a responsabilidade aceita o erro, as suas consequências e aprende com ele. Nesse sentido, liberta. A culpa retém e limita as opções.
Libertar-se da culpa é libertar-se do ressentimento. Que ganhos pode trazer? Vale a pena pensar nisso.