No dicionário, responsabilização está definido como ato ou efeito de responsabilizar. E responsabilizar tem como sinónimos confiar, encarregar, incumbir.
A primeira pergunta que se pode colocar: serei eu confiável e responsável? Provavelmente o leitor dirá imediatamente que sim. No entanto, o que significa ser confiável e responsável? Quando tem uma tarefa ou incumbência executa-a sempre sem erros e de forma exemplar? Se assim for, é um superhomem ou uma supermulher! Não comete erros e não se engana. Parabéns!
A segunda pergunta, associada à primeira é: quando cometo um erro, como me comporto? Acredito que este é o cerne de toda a questão. Assumir a responsabilidade quando tudo corre bem é fácil, é tomar como seu o sucesso. Assumir a responsabilidade quando são cometidos erros, é mais difícil. Como referido pelo Zé Cobra na sua intervenção no TEDx em Cascais (2012), desde cedo que somos programados para a desresponsabilização. Se alguma coisa está partida, dizemos partiu-se, estragou-se. Alguém, que não eu, partiu ou estragou, é a ideia implícita. Seria mais simples se o hífen fosse eliminado e respondêssemos simplesmente parti, estraguei. Colocando o Eu como sujeito.
Ao longo da nossa vida, vai sendo cada vez mais difícil de assumir que erramos. Relacionamos esse facto a algo negativo, um estigma, uma falha, um fracasso pelo qual somos penalizados. Por isso, tendemos a esconder dos outros os nossos erros. Por vezes, até de nós próprios. Quando erramos, mesmo que assumamos o erro, tendemos a justifica-lo com pessoas, factos ou circunstâncias aos quais somos alheios. Alguém ou alguma coisa contribuiu decisivamente para que cometêssemos um erro. Esta forma de estar está presente nas empresas, nas famílias, nos relacionamentos, na política, na sociedade em geral.
Se o erro passasse a ser encarado simplesmente como uma aprendizagem para no futuro fazer melhor, como seria? Convido o leitor a refletir sobre isso. A ser mais tolerante com os seus próprios erros e com os erros dos outros. E volte a perguntar-se: Serei eu responsável? Quando responder um sim honesto, verificará que a responsabilização tem o poder de o tornar mais coerente, mais confiável e… um verdadeiro líder!