A verdadeira essência, o âmago daquilo que somos, é de difícil acesso. Encontra-se tão camuflado com valores, crenças, perceções, máscaras e carapaças construídas ao longo de uma vida, que é difícil descortinar o verdadeiro eu, o ser que habita em cada um de nós. O que conhecemos é apenas um avatar. Se é assim com esta pessoa que conhecemos melhor que ninguém, como será com os outros?
No que respeita ao que julgamos conhecer dos outros, novamente é a nossa perceção de um conjunto de características, comportamentos, aparência física, expressão de ideias e pensamentos, em suma, de um manancial de partes de informação que vamos captando e filtrando de modo a encaixar nos padrões que fomos construindo. Não é o outro que vemos, mas o seu reflexo, um jogo de espelhos em equilíbrio entre o nosso próprio espelho e os espelhos de todos os demais.
Como Coach, tenho vindo a disciplinar-me para deixar de refletir as pessoas no meu espelho. Cada indivíduo é único e especial, embora possa não estar ciente disso. Enquanto procurarmos respostas que encaixem num classificador de arquivo complexo e limitante, só estamos focados nas partes e deixamos escapar o essencial. Cada um tem em si os recursos e a capacidade para se superar, identificando e ultrapassando obstáculos e autolimitações em prol do desenvolvimento pessoal e da autorrealização. Em vez de interagir com os avatares, aproximemo-nos do original. E que fantásticos originais andam por aí!