Numa conversa entre colegas, alguém referiu que as pessoas se dividem entre as que veem o copo meio cheio e as que veem o copo meio vazio, enaltecendo as qualidades das primeiras relativamente às segundas.
Na altura, recordo-me de ter perguntado onde se enquadravam aqueles que veem o copo sempre cheio, com metade de líquido e metade de ar. Porque o ar não é despiciendo, é o ar que nos permite respirar, que nos fornece o oxigénio e a energia que alimentam o nosso corpo, tão importantes como o líquido vital. Embora o ar não seja visível, existe e está no copo.
Tratou-se de uma conversa ligeira, uma brincadeira entre colegas, mas pode ser extrapolado para a nossa postura perante a vida, em todas as suas dimensões, e daí retirarmos algumas aprendizagens.
Destaco três que podem ser aplicadas à gestão das pessoas:
- Há sempre mais do que uma perspetiva para olhar para as situações ou desafios com que lidamos todos os dias. Se nos concentrarmos apenas nas faces visíveis de um poliedro, não consideramos a face que está assente no chão, que não se vê, mas suporta todas as outras.
Consegue identificar na sua equipa aquela pessoa constante e regular, com quem não tem de se preocupar nem dar atenção, porque essa pessoa também não a solicita, mas que sente que se a perder, isso pode desestabilizar toda a equipa?
- Rotular é redutor, não só para o objeto (ou pessoa) rotulado, mas sobretudo para quem rotula, pois reduz a possibilidade de ver além do seu próprio julgamento, criando vícios de pensamento que dificultam a evolução e o crescimento.
Tenha em atenção que o mais comum é as pessoas classificarem as outras de acordo com as suas próprias referências, gostos pessoais, identificações e afinidades. Na hora de pedir informações a um membro da sua equipa sobre o desempenho de outro membro, questione e perceba que por trás de cada avaliação, está uma perspetiva, uma face daquela pessoa, e não se deixe condicionar nem tome a parte pelo todo.
- Se nos focarmos apenas nas escolhas que nos dão, ficamos reféns das ideias, conceções e possibilidades dos outros. No final, a escolha passa a ser a de terceiros, não a nossa, porque não considerámos outras alternativas.
Vale a pena ser crítico, criativo e inovador, ir mais além no pensamento e nas possibilidades, pensar fora da caixa. Não se deixar limitar pelas alternativas que lhe dão. Saiba ouvir a todos os níveis na equipa e lembre-se que, com frequência, os perfumes mais raros estão nos frascos mais pequenos.
No final do dia, quem prefere ser, aquele que vê o copo meio cheio, o que vê o copo meio vazio, ou o que vê o copo sempre cheio?